“Na verdade, na verdade vos digo que se alguém receber o que eu enviar, me recebe a mim, e quem me recebe a mim
recebe aquele que me enviou.” – Jo 13:
20.
Deus é três em um – a Trindade. O Pai está ligado ao Filho, e o Filho
está ligado ao Espírito Santo. Um depende do outro, um faz o que vê o outro
fazer, um diz o que ouviu o outro dizer
e assim estas três pessoas estão interligadas. Não há como separá-los.
Portanto, se alguém diz receber Deus, também recebeu o Filho e o Espírito. Se
alguém diz receber o Filho (Jesus), também deve ter recebido Deus e o Espírito
Santo. E se alguém diz ter o Espírito Santo, tem que ter recebido Deus e o
Filho também. Funciona mais ou menos assim:
DEUS PAI ------ DEUS FILHO
(JESUS)-------- DEUS ESPÍRITO SANTO--------DEUS PAI------DEUS FILHO
(JESUS)--------DEUS ESPÍRITO SANTO....
E o ciclo é contínuo. Não há quebra neste ciclo. Acontece que a Trindade
foi revelada aos seres humanos aos poucos. Os três sempre trabalharam juntos
desde que a Terra foi formada e cada geração presenciou uma manifestação de
Deus, principalmente o povo de Israel. Porém, podemos notar através da Bíblia,
que há duas fases principais: o tempo da Lei ( Antigo Testamento) e o tempo da
Graça (Novo Testamento). No primeiro, o povo tinha o foco mais na pessoa de
Deus Pai e procurava permanecer em santidade para estar perto dele. A Lei e os
Profetas ajudavam ao povo neste dever. Deus porém, nunca deixou de avisá-los
que enviaria seu Filho ( a segunda pessoa da Trindade). O problema foi que o
povo criou uma imagem de como seria esse Filho, o Messias. O povo padronizou o
Filho antes mesmo que Ele viesse, e este padrão não era o mesmo padrão de Deus
Pai. Daí que quando Jesus chegou, muitos não o reconheceram e por isso não
creram nele.
Jesus, o Filho, sendo a segunda pessoa da Trindade simplesmente era o
próprio Deus em forma de homem aqui na terra. Ele deixava bem claro para as
pessoas que esse ciclo existia, ou seja, Ele fazia o que o Pai fazia e falava o
que ouvia do Pai. Ele e Deus Pai eram um. Mas as pessoas ficaram chocadas
porque para elas o Messias deveria ser “assim e assim” e não do jeito que Jesus
era. Jesus era um homem simples, não pertencia a elite religiosa de Israel, não
pertencia a nenhum partido da época ( fariseus, saduceus, zelotas, etc), não
demonstrava ódio pelos romanos ( que oprimiam o povo), curava justamente no
Sábado (dia proibido pela Lei), etc e etc. Ou seja, os judeus já tinham uma
“cartilha” de como o Messias viria e seria. Se não fosse do jeito deles, o
enviado de Deus seria um herege e cometeria blasfêmias. Lembrando que Jesus
nunca rejeitou a Lei de Moisés, pelo contrário, ele ia às sinagogas e fazia
suas obrigações como judeu, porém ele deixou claro para a elite religiosa que
havia leis estabelecidas por homens, coisas que superavam a vontade de Deus,
coisas que impediam alguém de ser liberto ou curado. E Deus não se agradava
disso, pois Deus é o Amor.
Todos aqueles que creram em Jesus e
concordaram com seus ensinamentos, receberam o Filho. Daí que receberam também
o Pai. E aqui entra o versículo citado no início deste texto: “...se alguém
receber o que eu enviar, me recebe a mim, e quem me recebe a mim recebe aquele
que me enviou.” Jesus estava falando do Espírito Santo, a terceira pessoa da
Trindade que ele enviaria em breve. Jesus disse isto num contexto específico em
que o dia de sua morte se aproximava. Sabendo que o Pai haveria de
glorificá-lo, ele também sabia que voltaria ao céu e o Espírito Santo teria que
vir à terra.
Agora vamos destacar o nosso tempo, que é
o tempo da Graça. Assim como antes, os judeus focavam Deus Pai e quando o Filho
veio, muitos não o receberam, ou seja, não deixaram Ele agir como queria em
suas vidas e hoje não acontece muito diferente disso. Hoje colocamos nosso foco
em Deus Pai e em Jesus. Dizemos ter recebido o Pai e o Filho. Dizemos seguir ou
pelo menos tentar seguir o Filho em todos seus ensinamentos. Falamos do Filho
para os perdidos e procuramos evangelizar fielmente como Ele nos ordenou. Só
que nos esquecemos de uma coisa simples: o ciclo não tem quebra, lembra? Ele
não se resume em Deus Pai e Deus Filho. Existe o Deus Espírito Santo, e ele
está aqui na terra! É ele quem está presente aqui em nosso dia-a-dia, assim
como Jesus estava há mais de mil anos atrás. E muitos de nós estamos fazendo
com o Espírito Santo a mesma coisa que fizeram com Jesus: Não deixamos ele agir
como quer, não queremos ouvir ele dizer o que ouviu de Jesus, não aceitamos o
jeito como ele faz as coisas porque parecem loucura, é estranho... para nós o Espírito
Santo deveria ser “assim e assim” e o que foge disso chega a ser
blasfêmia. Conclusão: Será que recebemos
o Espírito Santo? Você dirá “Claro que sim! Eu aceitei a Jesus e recebi o
Espírito Santo”. Ok, irmão mas você
então deixa ele entrar na casa do seu coração e fazer o que quer? Você deixa Ele ser ele, ou você o colocou dentro do seu
padrão. Se você estabeleceu um padrão, certamente é porque há algum medo no seu
coração. Um medo de perder o controle e pecar contra Deus? Quem realmente ama,
aceita alguém do jeito que é, e se dizemos amar a Deus e a Jesus, devemos amar
o Espírito Santo e aceitá-lo como ele é. Veja bem, não há como ter medo das
obras do Espírito e pensar que elas fogem do controle quando você conhece e
recebeu o Pai e o Filho. Lembra do ciclo? Pois então. Se temos o Pai e o Filho
e os recebemos do jeito que são, então conseguimos identificar as atitudes do
Espírito Santo em nossa geração, porque Ele é um só com os outros dois, certo?
Jesus é bem claro neste versículo: “se
alguém receber o que eu enviar, me recebe a mim...”, ou seja, é como se ele
dissesse em outras palavras “ se você não recebe, não aceita, não concorda com
aquele que eu enviar ( o Espírito Santo), então você não me recebeu, você não
aceita como eu sou ...” Entendo aqui o verbo “receber” não somente como a
atitude de aceitar a Cristo mas também como a comunhão dia-a-dia com Ele, como
quando você recebe alguém na sua casa e quer deixá-la à vontade e quer
agradá-la.
Lembre-se: quando temos intimidade e
comunhão sem superficialidade com Deus e com Jesus, automaticamente
compreenderemos o Espírito Santo. Imagina se você conhece uma pessoa, um amigo
seu que já comentou muito com você sobre seu filho ou filha. Um dia, o filho da
pessoa chega até você e seu amigo não está perto. Convivendo com esse filho,
certamente você perceberá que se trata do filho de seu amigo. Como você saberá disso
e não será enganado? Porque você conhece bem seu amigo e aceitou tudo o que ele
disse sobre o filho dele. É ou não é?
Creio que se a Igreja recebesse 100% a
terceira pessoa de Trindade, não só de palavras mas em prática de vida mesmo, o
mundo não estaria como está. Perdemos muito tempo brigando entre nós por causa
de nossas doutrinas e idéias divergentes, e muitas dessas idéias justamente
relacionadas à Trindade. A impressão que se tem é de que vivemos o que Deus
ordenou somente na teoria. Mas onde está a prática? Destaco o Espírito Santo
nesse assunto porque Ele é quem está na terra conosco, a Igreja. É Ele quem faz
Jesus ser vivo em nós. Um corpo sem espírito é um corpo morto e todos sabem
disso. Portanto, o Corpo de Cristo (a Igreja) sem o Espírito Santo se
movimentando e agindo como Ele quer, será o quê? Um Corpo sem vida, uma Igreja
sem ação.
Não estou aqui falando de correntes
teológicas, nem defendendo doutrina A ou doutrina B. Só estou percebendo
claramente que esse versículo dito por Jesus é muito mais sério do que
pensamos. Sei que pra muitos de nós é difícil aceitar alguém do jeito que é, e
isso acaba acontecendo em relação a Deus também. Somos humanos e temos medo de
falhar. Não queremos desagradar a Deus e acabamos querendo ser perfeitos, mas
seguindo um padrão que não é o de Deus. Por isso, mesmo sendo difícil devemos
tentar nos desarmar aos poucos e deixar Deus ser Deus.